Este é o sétimo ano consecutivo que eu coloco a minha pele em risco para responder a uma das perguntas mais importantes para o seu patrimônio: afinal, quais serão os melhores investimentos para 2026? A verdade é que o mercado está cheio de oportunidades descontadas, mas também existem armadilhas caras que não estão no radar da maioria das pessoas. Depois de sete anos fazendo esse tipo de previsão e acertando com consistência — desde a alta do S&P em 2019 até a proteção de caixa na pandemia de 2020 e a valorização do Bitcoin em 2021 —, eu decidi abrir minha carteira e minha estratégia novamente. Não tenho bola de cristal, mas tenho dados, histórico e dinheiro investido nessas teses.

O “Segredo” dos Ciclos: O Gráfico para Colar na Parede

Para projetar os melhores investimentos para 2026, eu analisei dados profundos dos últimos ciclos econômicos do Brasil. Existe um padrão que se repete e que a maioria dos investidores ignora: o comportamento da manada nos momentos de pico da taxa Selic. Quando os juros estão altos, pagando mais de 1% ao mês, o investidor médio foge do risco e corre para a renda fixa pós-fixada (CDI). Mas, historicamente, é exatamente nesse momento que ele erra. “O passado não se repete, mas ele rima”, e o que vemos hoje é uma Selic nas máximas, similar ao cenário de 2015/2016. Ao analisar o retorno dos ativos nos 3 anos seguintes a um pico de Selic, os resultados são surpreendentes.

Veja abaixo o comparativo histórico do que acontece com quem investe quando a Selic está no topo, em contraste com quem busca a “segurança” do CDI:

Ativo Desempenho Pós-Pico de Selic (3 Anos) Situação
Ações de Dividendos (IDIV) Alta Valorização Vencedor
Ibovespa (Bolsa) Alta Valorização Vencedor
Fundos Imobiliários (IFIX) Alta Valorização Vencedor
IPCA+ Longo Prazo Alta Valorização (Marcação a Mercado) Vencedor
CDI (Pós-fixado) Menor Rentabilidade Relativa Perdedor

Os dados mostram que os grandes vencedores nos ciclos de queda de juros que sucedem os picos são justamente os ativos de risco e a renda fixa atrelada à inflação. Quem fica no CDI acaba perdendo a valorização expressiva que ocorre quando o mercado antecipa a queda dos juros. Por isso, para 2026, minha tese envolve fugir da manada: enquanto todos correm para o pós-fixado, eu estou montando posições relevantes em ativos que historicamente performam bem nesse cenário.

Ações Brasileiras: Por que estou Otimista?

Estou genuinamente otimista com o Ibovespa para o próximo ano. Um dos principais motivos é o indicador P/L (Preço sobre Lucro). Hoje, o P/L da bolsa brasileira gira em torno de 10 vezes, o que ainda é abaixo da média histórica e muito distante dos topos de 2018. Isso significa que, na prática, as empresas brasileiras estão lucrando mais, mas suas ações estão custando menos. É uma distorção causada pelo fluxo financeiro indo para a renda fixa. Se você quer entender mais sobre como avaliar essas métricas, sugiro ler nosso artigo sobre indicadores fundamentalistas, que explica detalhadamente o P/L.

O Perigo Mora ao Lado: Cautela com os EUA

Ao contrário do Brasil, minha postura com o mercado americano para 2026 é de extrema cautela. Não é que as empresas sejam ruins — Ferrari é um ótimo carro, mas pagar 100 milhões nela seria um péssimo negócio. O mercado americano está caro. O “Buffett Indicator”, que compara o valor total das ações com o PIB do país, atingiu 224%, um recorde histórico acima da Bolha.com e da Crise de 2008. Além disso, a inversão da curva de juros, um previsor clássico de recessões, persiste há mais de dois anos. Não à toa, Warren Buffett está sentado em um caixa recorde de 388 bilhões de dólares. Se o maior investidor de todos os tempos não está comprando, isso deveria acender um sinal de alerta para você.

A Oportunidade Rara na Renda Fixa (IPCA+)

Na renda fixa, estamos diante de uma das oportunidades mais assimétricas da década: os títulos atrelados à inflação de longo prazo (Tesouro IPCA+). Hoje, encontramos títulos pagando IPCA + 6,9% ou até 7%. Fiz um levantamento e descobri que taxas nesse patamar só estiveram disponíveis em cerca de 10% dos dias nos últimos 15 anos. É algo raro.

Essa estratégia funciona de duas formas:

  1. Carrego: Se você levar até o vencimento, garante uma rentabilidade real extraordinária de quase 7% acima da inflação, protegendo e multiplicando seu poder de compra.
  2. Marcação a Mercado: Se os juros caírem em 2026 ou nos anos seguintes, esses títulos se valorizam explosivamente. Um título comprado a IPCA + 7% vale “ouro” se o mercado passar a negociar taxas de IPCA + 4%, gerando ganhos de capital que podem superar a bolsa de valores.

Fundos Imobiliários: Desconto e Dividendos

Outra classe de ativos que venho comprando com consistência são os Fundos Imobiliários (FIIs). O IFIX teve um 2025 positivo, mas os fundamentos indicam que ainda há muito espaço. Estamos vendo uma combinação poderosa: preços descontados versus fundamentos imobiliários melhorando (vacância caindo e volta aos escritórios). Mesmo com a discussão sobre a reforma tributária, que pode impactar levemente os rendimentos, o desconto atual compensa o risco.

Confira os dados atuais do mercado de FIIs que sustentam essa tese:

Indicador Dado Atual de Mercado
Dividend Yield Médio (IFIX) 11,6% ao ano (Isento de IR)
P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) 0,86x (Desconto de 14%)
Vacância em Galpões Logísticos 7% (Mínima histórica)
Vacância em Shoppings ~4% (Controlada)

Pagar 86 centavos por cada 1 real de patrimônio, recebendo quase 12% de dividendos isentos, me parece uma equação muito favorável para quem foca no longo prazo, especialmente se a Selic voltar a cair, o que impulsionaria as cotas.

Bitcoin e a Assimetria de Retorno

Por fim, não posso deixar de falar sobre o Bitcoin. Em 2024, vimos o Halving e a aprovação dos ETFs, trazendo um fluxo institucional gigantesco (BlackRock, MicroStrategy). Embora seja volátil — e tenha caído recentemente após atingir máximas — o Bitcoin continua sendo um ativo convexo indispensável. Ter entre 2% a 5% da carteira em cripto pode alavancar os retornos globais sem expor o patrimônio à ruína. A demanda institucional crescente colidindo com a oferta limitada pelo código é um fundamento que segue inalterado para 2026.

Conclusão: O Ano da Diversificação Inteligente

Resumindo minha visão para os melhores investimentos para 2026: estou otimista com ações brasileiras baratas, acumulando FIIs descontados, travando taxas históricas no Tesouro IPCA+ e mantendo minha posição em Bitcoin. Por outro lado, mantenho cautela com a bolsa americana, preferindo a renda fixa em dólar (Bonds/Treasuries) neste momento. O segredo é ter estômago para agir contra a manada e aproveitar os preços que o pessimismo oferece.

Conhecido como O Primo Rico, é investidor, empresário e educador financeiro. Fundador da plataforma Grupo Primo e autor de livros, entre eles o best-seller “Do mil ao milhão: sem cortar o cafezinho”, tornou-se uma das vozes mais influentes da educação financeira no Brasil.