Quando o assunto é renda fixa, você automaticamente pensa no mercado brasileiro e em títulos como o Tesouro Direto, o Tesouro IPCA+ e os CDBs, ou você dá um passo além e avalia as oportunidades oferecidas pelo mercado global, como os bonds americanos?

Eu sou o Lucas Motta, analista de Treinamento e Conteúdo na Avenue, e este é o segundo episódio da nossa série sobre o mercado de renda fixa no exterior.

Independentemente da estratégia-guia de investimento elaborada, a renda fixa tem lugar reservado na carteira do investidor.

Os benefícios da diversificação internacional de investimentos, vão:

⦁ desde a otimização de potenciais retornos através de um leque muito mais amplo de opções de ativos, contemplando setores com pouca representação na bolsa nacional, como tecnologia, semicondutores, tabaco, jogos entre outros.

⦁ até a redução da exposição a riscos concentrados em um determinado país ou região.

Ahhh, mas a renda fixa aqui no Brasil é segura e, dependendo do título escolhido, até corrige os efeitos da inflação, como é o caso do Tesouro IPCA+.

Hmmmm… O problema é que não é bem assim que o mercado funciona, porque a inflação que temos aqui no Brasil é na verdade um dos efeitos da desvalorização do real.

Na descrição do vídeo você encontra o link do vídeo sobre o estudo lançado pela FGV que aborda justamente a importância da diversificação internacional como forma de mitigar os impactos variação cambial.

Mas de forma resumida, eu quero chamar a sua atenção para o fato de a moeda brasileira se comportar como um ativo de risco.

Isso porque desde a sua implantação, em 1994, ela já perdeu mais de 80% do seu poder de compra, segundo dados da Bloomberg.

Bom, visto que o real se comporta como um ativo de risco, ele deveria ser tratado como um ativo de risco, não é mesmo?

Indo além, o fato é que esse raciocínio sobre variação cambial deve abranger não apenas o mercado de ações, mas todo e qualquer investimento alocado, incluindo títulos de renda fixa.

Agora, falando sobre investimentos no mercado americano, os mais comuns dentro da renda fixa são os bonds: títulos de dívida emitidos pelo governo ou empresas.

Basicamente, o bond funciona como uma forma de empréstimo, em que o emissor do título da dívida se compromete a devolver o dinheiro “emprestado” pelo investidor em um determinado prazo, com o acréscimo de juros a uma taxa predefinida.

Desse modo, o investidor já sabe desde o início qual será o rendimento exato de cada bond negociado.

Inclusive o próprio nome bond já deixa bem clara essa ideia de ligação, de obrigação e vínculo entre as partes, no caso o investidor e a instituição emissora do título, que pegou esse “empréstimo” no mercado para financiar projetos, operações ou até mesmo renegociar outras dívidas.

E assim como os títulos de renda fixa no Brasil, cada bond americano tem as suas próprias características, como:

⦁ prazo de vencimento,
⦁ taxa e forma de pagamento dos seus cupons, que são os juros pagos aos investidores, definidos de acordo com o risco embutido na operação.

Agora, vou aproveitar este tópico para fazer um rápido adendo sobre uma questão básica no mercado financeiro que é:

TODO INVESTIMENTO CARREGA ALGUM NÍVEL DE RISCO, até os ativos mais conservadores.

E isso NÃO NECESSARIAMENTE É UM PROBLEMA! E você pode lidar com isso.

Basta saber administrar a exposição ao risco da sua carteira, de acordo com os seus objetivos enquanto investidor, lembrando que a diversificação de investimentos é uma estratégia para minimizar os efeitos das oscilações do mercado.

No caso dos bonds, as agências de risco, como S&P Global Ratings, Moody’s e Fitch Ratings, também conhecidas como The Big Three, são as instituições responsáveis por analisar os balanços dos emissores e publicar pareceres técnicos sobre os riscos atrelados a cada título.

Feitas as devidas apresentações, que tal falarmos sobre os três tipos de retornos que você pode obter com os bonds?

⦁ Bom, o primeiro tipo de ganho é com o recebimento de cupom.

Isso porque os investidores recebem periodicamente o pagamento de juros, chamados de cupons, a taxas definidas no momento da emissão do título.

Geralmente, os cupons são pagos semestralmente no caso de bonds com vencimentos de um ano ou mais.

E é por isso que dizemos que os bonds oferecem previsibilidade de rendimentos, porque você sabe com antecedência quanto e quando receberá os depósitos em sua conta.

⦁ Já a segunda forma de retorno financeiro oferecido pelos bonds é através da diferença entre o preço de compra e venda do título.

Em linhas gerais, a precificação dos bonds está sujeita a um processo chamado de Marcação a Mercado, que nada mais é do que uma forma de atualizar o valor de algo que você possui com base no preço praticado pelo mercado em um determinado momento. Lembre-se essa marcação pode ser positiva ou negativa no preço do título.

⦁ Por fim, o terceiro tipo de ganho com os bonds ocorre por meio dos juros compostos. Isso se dá pelo reinvestimento dos cupons: ao receber o pagamento dos juros, é possível investir esse valor em outros ativos, potencializando ainda mais os lucros ao longo do tempo.

Investir em bonds no mercado americano pode ser uma opção para a diversificação da sua carteira de investimentos em renda fixa.

Mas antes lembre-se de fazer uma avaliação do seu perfil de investidor para checar se esta alocação se encaixa dentro dos seus objetivos, além de uma análise de crédito e risco referente ao ativo em questão.

E, assim, chegamos ao final do segundo episódio da nossa série sobre o mercado de renda fixa no exterior.

Tempo para fazer uma última pergunta:

Você investe em renda fixa para atingir quais tipos de objetivos? De curto, médio ou longo prazo?

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Até mais!

Formado em Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Possui a certificação CPA-20 da ANBIMA.