O filósofo Alfred Whitehead dizia que toda a filosofia ocidental não passa de uma série de notas de rodapé que remetem a Platão. No mundo das finanças, podemos dizer algo semelhante sobre Warren Buffett: quase toda conversa sobre investimentos termina em uma frase dele. E eu quero começar este papo com uma das máximas do Oráculo de Omaha que mudou minha vida: você não pode comprar o que é popular e esperar ter um retorno superior à média.

Se eu analisar meu próprio histórico, os investimentos mais rentáveis que já fiz na vida vieram de lugares impopulares, ineficientes e onde pouca gente estava olhando. É sobre isso que vamos falar hoje: os três mercados onde eu realmente ganhei dinheiro e como você pode explorar essa assimetria. Mas antes de revelar quais são, você precisa entender a mecânica por trás da riqueza, algo que o gestor Howard Marks resume brilhantemente: o sucesso não vem de comprar coisas boas, mas de comprar bem as coisas.

O Segredo dos Mercados Ineficientes

Para entender como encontrar investimentos mais rentáveis, precisamos falar sobre a “gravidade” dos investimentos: a taxa de juros. Buffett compara os juros à gravidade física. Quando a gravidade aumenta (juros sobem), os preços dos ativos caem, “pesando” mais. No Brasil, vimos a Selic sair de 2% para patamares de dois dígitos rapidamente. Isso cria crises, e é na crise que descobrimos quem estava “nadando pelado”.

Mas o verdadeiro segredo para multiplicar patrimônio está em atuar no que chamamos de mercados ineficientes. Para explicar isso, vou usar uma equação simples que define o seu retorno financeiro:

Variável O que significa Exemplo Prático
R (Retorno) O lucro ou prejuízo total do seu investimento. Ganhos totais da carteira.
X (Mercado) O desempenho do índice de referência. Ibovespa (ações) ou IFIX (FIIs).
Beta (β) A sensibilidade/volatilidade da sua carteira em relação ao mercado. Se o mercado sobe 10% e sua carteira sobe 20% (apenas por risco).
Alfa (α) O ganho real acima do mercado por mérito e escolha de ativos. O “pulo do gato” para enriquecer.

Muitas pessoas confundem Beta com Alfa. Elas acham que são gênios porque ganharam dinheiro em um bull market, mas apenas tinham uma carteira mais arriscada. O verdadeiro desafio para encontrar os investimentos mais rentáveis é gerar Alfa. Warren Buffett construiu sua fortuna de bilhões gerando Alfa consistentemente por décadas. Hoje, porém, gerar Alfa em mercados eficientes, como o americano (S&P 500), é dificílimo. Lá, existem milhares de analistas, robôs e inteligência artificial precificando tudo em milissegundos. É como tentar achar dinheiro na rua em uma avenida movimentada de Nova York: alguém já pegou.

Por isso, nos EUA, eu prefiro investir via ETFs. Já no Brasil, o cenário é outro. Nosso mercado é menos eficiente, tem menos participantes qualificados e muita desinformação. É aqui que o “dinheiro está largado na rua”. A seguir, apresento os três mercados onde essa ineficiência me permitiu lucros exponenciais.

1. O Mercado de Criptomoedas

O primeiro mercado que destaco é o de criptoativos. Apesar de todo o barulho recente, este ainda é um setor extremamente mal compreendido e pouco explorado. Estatisticamente, estima-se que menos de 3% da população global tenha exposição ao Bitcoin. Estamos falando de um estágio de adoção comparável à internet em 1995. Quem entra agora ainda está chegando cedo.

Eu comecei a comprar Bitcoin em 2014, quando ele era chamado de “moeda de hacker” e valia menos de R$ 1.000,00. Hoje, ultrapassa os R$ 300.000,00 (dependendo da cotação do momento). A ineficiência aqui está na disparidade de projeções: você encontra “especialistas” dizendo que vai a zero e outros dizendo que vai a 1 milhão de dólares. Essa amplitude de preço prova que o mercado ainda não sabe precificar o ativo corretamente, gerando uma oportunidade assimétrica gigantesca.

Para quem deseja entender mais sobre como começar nesse universo sem cair em golpes, recomendo que leia nosso guia completo sobre como investir em criptomoedas, onde detalhamos os primeiros passos com segurança.

2. Leilões de Imóveis

Se o mercado imobiliário tradicional já é ineficiente (pois depende de negociações individuais), o mercado de leilão de imóveis é a ineficiência máxima. E por que isso ocorre? Porque dá trabalho. As pessoas têm medo de burocracia, de desocupar imóvel, de lidar com advogados. A maioria prefere a facilidade de um clique no Home Broker.

Essa barreira de entrada afasta a concorrência e permite margens de lucro absurdas. Eu e minha irmã já arrematamos diversos imóveis pela metade do preço de avaliação, simplesmente por sermos os únicos participantes do leilão. Veja a lógica financeira desse negócio:

Cenário Valor do Imóvel Tempo de Operação Rentabilidade
Compra Tradicional R$ 500.000 (Preço cheio) Longo Prazo ~6% a.a. (Aluguel)
Leilão (Minha Estratégia) R$ 250.000 (50% desconto) < 6 meses (Revenda) ~50% no período

Ao comprar por 50% do valor e revender levemente abaixo do preço de mercado para ter liquidez rápida, conseguimos retornos que, se anualizados, superam 100% ao ano. Nenhum outro produto de renda fixa ou fundo imobiliário me entregou essa rentabilidade com tamanha consistência. Claro, exige estudo de edital e sangue frio, mas a recompensa paga o esforço.

3. Renda Variável no Brasil (Ações)

O terceiro pilar dos meus investimentos mais rentáveis é a nossa bolsa de valores, a B3. Diferente dos Estados Unidos, onde gênios do MIT operam algoritmos complexos, no Brasil temos uma educação financeira precária. Temos pouco mais de 5 milhões de CPFs na bolsa em um país de 200 milhões de habitantes. E, infelizmente, muitos desses investidores operam baseados em dicas de redes sociais ou olhando apenas o Dividend Yield (o que é um erro grave).

A analogia do bolo de chocolate

Eu costumo fazer um teste nas redes sociais: posto uma foto vendendo um bolo, coloco o preço, o sabor e o frete na legenda. Minutos depois, chovem comentários perguntando “quanto custa?” ou “qual o sabor?”. Isso mostra que o brasileiro lê, mas não interpreta. No mercado financeiro, acontece o mesmo: as pessoas compram ações sem ler um release de resultados, sem entender o que é P/L ou ROE.

Se o seu “concorrente” na hora de comprar uma ação é alguém desinformado, fica muito mais fácil encontrar distorções de preço e gerar Alfa. Eu prefiro fazer stock picking (escolher ações a dedo) no Brasil do que comprar ETFs, justamente para aproveitar essas ineficiências. Um exemplo pessoal foi a compra de ações da Méliuz pouco antes do anúncio relevante sobre Bitcoin; uma análise atenta permitiu antecipar um movimento que o “mercado” ignorou até ser tarde demais.

Para aprofundar seu conhecimento sobre a eficiência dos mercados, vale a pena consultar os estudos de Eugene Fama, o pai da hipótese dos mercados eficientes, que explica por que é tão difícil bater o mercado lá fora.

Conclusão: A Janela de Oportunidade

O ponto crucial que você precisa levar deste artigo é que nenhuma ineficiência dura para sempre. Os mercados amadurecem. O que hoje é uma oportunidade óbvia de ganho em cripto ou leilões, amanhã pode virar consenso e o lucro desaparecer. As grandes fortunas não são feitas quando tudo está claro e seguro, mas quando há incerteza e pouca gente olhando.

Se você quer ter acesso aos investimentos mais rentáveis, precisa estudar e agir enquanto a assimetria está a seu favor. Seja aprendendo sobre a tecnologia por trás do Bitcoin, lendo editais de leilão ou analisando balanços de empresas brasileiras esquecidas, o dinheiro está na mesa. Cabe a você ter a coragem e o conhecimento para pegá-lo.

Fundador do canal “Você MAIS Rico” e do curso “Viver de Renda”, sócio-fundador do Grupo Primo e um dos apresentadores do podcast “Os Sócios”, é empreendedor, investidor e uma das maiores referências de finanças no Brasil.