Olá, investidor. Seja bem-vindo ao terceiro episódio da nossa série sobre o universo da renda fixa internacional.

No vídeo anterior, abordamos o mercado de bonds e analisamos os principais tipos de retorno ao investir em títulos americanos. Dando continuidade à nossa jornada, é fundamental compreender alguns dos principais indicadores relacionados a esses ativos, como YTW, YTC e YTM.

Para quem ainda não me conhece, eu sou o Lucas Motta, analista de Treinamento e Conteúdo na Avenue, e vou te explicar de forma clara e objetiva o significado desses e de outros conceitos, destacando como eles podem impactar as suas análises e decisões de investimento no exterior.

Dando início ao nosso glossário, é importante resgatar um conceito que já apareceu em vídeos anteriores: o cupom.

O cupom nada mais é do que a taxa de juros fixa paga periodicamente pelo emissor do título ao investidor.

Em linhas gerais, esse rendimento corresponde a uma porcentagem fixa do valor nominal do bond, que pode ser paga de forma semestral ou anual. Para ilustrar, suponha que você adquira um título com valor nominal de mil dólares e um cupom de 5% ao ano. Nesse caso, você receberá 50 dólares em juros por ano, ou 25 dólares por semestre.

Vale ressaltar uma particularidade do mercado americano: a maioria dos títulos nos Estados Unidos possui taxa prefixada. Ou seja, ao investir, você já sabe exatamente quanto vai receber e quando, trazendo previsibilidade para seus objetivos de Investimentos. No Brasil, em contrapartida, muitos títulos têm rendimento atrelado à Selic ou à inflação, o que torna o retorno final menos previsível.

O próximo termo é o offer price ou oferta indicativa. Esse é o valor que você paga pelo bond ao adquiri-lo no mercado e, normalmente, é apresentado como um percentual do valor nominal do ativo. Por exemplo, se um título tem valor nominal de mil dólares e está com oferta indicativa de 95%, ele será negociado a 950 dólares.

Antes de explorarmos as diferentes métricas de rendimento de um bond, é fundamental compreender o conceito de yield. O yield representa, em termos percentuais, o retorno oferecido pelo título em relação ao valor investido. Ele é a principal referência para comparar diferentes opções de investimento dentro do universo de renda fixa internacional.

A partir deste conceito-base, avançaremos para as principais variações de yield, como o yield to maturity (YTM), yield to call (YTC) e yield to worst (YTW).

Maturity é a data de vencimento do ativo. Já o yield to maturity, YTM, é o retorno total que você receberá se mantiver o bond em sua carteira até o vencimento.

O yield to call é o retorno do investidor caso o emissor decida resgatar o título antecipadamente, em datas e preços pré-estabelecidas em contrato.

A lógica por trás desse mecanismo é simples: ao emitir o bond, a instituição capta recursos no mercado; já o investidor, ao comprar o título, está emprestando dinheiro a essa instituição. Se o emissor quiser quitar essa dívida antes do vencimento e o bond for callable (ou seja, existir a cláusula que permite tal mecanismo), ele pode antecipar o pagamento ao investidor nas condições previstas.

Já o yield to worst representa o retorno mínimo entre o obtido quando o título é mantido até o vencimento e o que o investidor pode receber caso o título seja resgatado antecipadamente, considerando o pior cenário possível dentre todas as datas de resgate previstas em contrato.

Next call date é a próxima data em que a companhia emissora pode exercer o direito de recomprar antecipadamente o bond, caso ele possua uma cláusula de call.
Enquanto no mercado brasileiro de dívida essa opção não é tão comum, no mercado internacional as opções de recompra pelo emissor são bastante frequentes.

Com relação à avaliação dos riscos dos títulos, investment grade, ou IG, refere-se a emissores com nota de crédito igual ou superior a BBB- pelas agências S&P e Fitch, ou Baa3 pela Moody’s.

Para títulos offshore, negociados no mercado global, utiliza-se sempre a escala internacional de ratings. Como referência, no momento de gravação deste vídeo, o rating soberano do governo brasileiro nessa escala é BB- (S&P e Fitch) e Ba1 (Moody’s), categorias classificadas abaixo do investment grade.

Isso nos leva a outro conceito: o de High Yield, HY. Essa classificação abrange investimentos que podem apresentar alta rentabilidade, mas também um elevado grau de risco, refletido em sua nota de crédito, normalmente abaixo de BBB- pelas agências S&P e Fitch, ou abaixo de Baa3 pela Moody’s.

Por conta dessa natureza, são recomendados principalmente para investidores experientes, com perfil arrojado e disposição para assumir mais riscos em busca de retornos financeiros mais expressivos. Além disso, esses títulos costumam ter um histórico de maior volatilidade no mercado.

Falando em riscos, a senioridade de uma dívida determina a prioridade de pagamento ao investidor em caso de falência da empresa emissora. Vale ressaltar que alguns bonds podem ser colateralizados, ou seja, possuem ativos para garantir parte do pagamento em caso de inadimplência. Por fim, duration é o prazo médio no qual o investidor recupera o valor investido ao adquirir em um título préfixado.

Mais do que apenas o vencimento do título, a duration também considera todos os fluxos do bond trazidos a valor presente, ponderados por sua representatividade no total. É uma medida que sintetiza todos esses fatores em um único número (medido em anos), e serve para mostrar a sensibilidade do preço do título às variações na taxa de juros no mercado.

Em resumo: quanto maior a duration, mais o valor de mercado do título tende a oscilar frente a mudanças nas taxas de juros e maior será o risco de mercado associado a ele.

No nosso próximo encontro, vou apresentar os principais tipos de Bonds e detalhar as diferenças em relação aos Certificados de Depósito, os chamados CDs.

Obrigado e até a próxima.

Formado em Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Possui a certificação CPA-20 da ANBIMA.