Eu, depois de duas décadas investindo e convivendo com os maiores nomes do mercado e do empreendedorismo, identifiquei cinco pontos cruciais que separam quem constrói riqueza de quem simplesmente a perde. Não é uma fórmula mágica, mas é o mapa do sucesso no longo prazo. Não seguir estes passos é, para mim, uma garantia de fracasso.
1. Alocação Inteligente de Ativos Escassos
O primeiro ponto é entender que a vida é um jogo de alocação de recursos finitos. Ninguém tem dinheiro ou tempo infinito. As pessoas que constroem riqueza são mestres em alocar seu tempo naquilo que produz o maior resultado. Você deve alocar seu tempo como aloca seu capital: buscando os ativos que mais vão valorizar.
O Princípio de Pareto e o Foco no que Gera Valor
Eu sempre gosto de citar o exemplo de Vilfredo Pareto, o cientista que descobriu o princípio 80/20 (20% das causas geram 80% das consequências). Ao aprofundar o estudo, ele percebeu que essa concentração é recursiva (um Pareto dentro de outro Pareto). Ele viu que menos de 1% das famílias detinham mais da metade das terras na Itália. Isso se repete globalmente: 1% dos mais ricos detém a mesma riqueza que os outros 99%.
A pergunta que os ricos se fazem é: “Onde alocar meu tempo escasso para que ele produza o maior resultado que outras pessoas não conseguiriam fazer igual?”. No meu caso, por exemplo, no Grupo Primo, entendi que minha maior alocação de tempo (o meu 0,8%) é estar em frente à câmera, comunicando e educando. Isso gera mais valor para o grupo do que me prender a reuniões executivas. Pessoas de sucesso gastam dinheiro para ter mais tempo, em vez de gastar tempo para economizar dinheiro.
2. Foco na Construção de Ativos, Não Passivos
Se você ainda não leu o ótimo livro “Pai Rico, Pai Pobre” de Robert Kiyosaki, ele é praticamente obrigatório. O livro ensina que o pobre só tem despesas, a classe média compra passivos (achando que são ativos, como um carro), e o rico usa sua renda para comprar ativos que, por sua vez, geram mais renda. Seu negócio principal, não importa qual seja sua profissão, deve ser comprar ativos.
Esses ativos são tudo aquilo que preserva seu poder de compra no futuro e, idealmente, gera fluxo de caixa. Eles podem ser seu próprio negócio, ações de empresas que crescem, fundos imobiliários ou, o que eu considero crucial para a proteção, ativos internacionais.
Eu não considero o fluxo de caixa obrigatório. Pego, por exemplo, o Bitcoin. Eu não recebo dividendos, mas nos últimos 10 anos, ele subiu em média 70% ao ano em dólar. Eu priorizo a alocação de ativos que gera o maior resultado, seja por dividendos ou ganho de capital.
| Tipo de Retorno | Ativo (Exemplo) | Rentabilidade Média Anual (Dólar) | Foco |
|---|---|---|---|
| Crescimento (Ganho de Capital) | Bitcoin | +70% ao ano | Valorização do capital investido |
| Renda (Dividendos) | Ações Pagadoras | ~6% ao ano | Fluxo de caixa recorrente |
Uma distribuição simples de patrimônio entre os ricos costuma seguir a filosofia da Arca que defendemos: Empresas/ações (equity), Imóveis (Real Estate), Renda Fixa (Caixa) e Ativos Internacionais. Ter parte do capital alocada fora do país é vital. Se algo der muito errado no Brasil, você tem sua vida financeira feita em outro lugar, sem mudar seu padrão de vida. Para aprofundar seus conhecimentos, saiba mais sobre o que é equity e como usá-lo em seus investimentos.
3. A Alavancagem, o Motor de Como os Ricos Fazem Dinheiro
Alavancagem vai muito além de tomar dívida. Inspirado pelo conceito de Naval Ravikant, alavancagem é usar capital, pessoas, programação (tecnologia) e mídia para gerar mais resultados. O cientista grego Arquimedes já dizia: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei o mundo”.
Mais Pessoas: Assim como o economista Hayek defendia, o mundo é complexo demais para uma única pessoa deter todas as respostas. As pessoas ricas se cercam de talentos e conhecimentos superiores, propositalmente se colocando como o “mais burro da mesa” para aprender e prosperar. Mais Capital: Isso é tomar a “dívida boa”. Não estou falando de empréstimo pessoal ou cheque especial com juros de 60% ao ano. Estou falando de dívidas com juro zero (como um FIES) ou juros abaixo do retorno que você consegue com seu capital.
| Tipo de Capital | Custo Efetivo Total (CET) | Retorno em Renda Fixa | Conclusão (Alavancagem Inteligente) |
|---|---|---|---|
| Financiamento Imobiliário | 9,5% ao ano | 13% a 15% ao ano (Com SELIC a 15%) | O retorno conservador do capital é maior do que o custo da dívida. |
| Dívida FIES (Exemplo) | Juro Zero | N/A | Alocação máxima de capital, pois o custo da dívida é zero. |
Mais Programação e Mídia: Para uma organização crescer, ela deve ser mais produtiva. Já que a população em muitos países ocidentais está parando de crescer, o aumento da produtividade vem da tecnologia (programação). Mídia, como estar em frente a uma câmera, amplifica a mensagem, gera leads e aumenta as vendas, permitindo contratar mais time e investir mais em tecnologia. Se você quer entender mais sobre a desigualdade e a concentração de riqueza, sugiro que pesquise sobre o Princípio de Pareto.
4. A Psicologia do Longo Prazo (Baixa Taxa de Preferência Temporal)
A característica psicológica mais comum em quem constrói patrimônio é a baixa taxa de preferência temporal. Isso significa que aceitam esperar. A natureza humana é imediatista, mas a maturidade é a capacidade de abrir mão do hoje para ter a chance de uma recompensa muito maior no futuro. O investidor ou empreendedor aceita o risco de abrir mão do consumo presente para investir, trabalhar e esperar por um resultado que pode não vir, mas que, se vier, será desproporcional à recompensa de outros.
O famoso teste do marshmallow, realizado em Stanford, provou isso. Crianças que aguentavam esperar pelo segundo marshmallow tinham melhores notas, entravam em universidades melhores e tinham níveis de IMC mais baixos. Essa paciência é crucial para o investidor. Quantos venderam Bitcoin no começo do caminho e perderam a chance de multiplicar o capital por milhares de vezes? Uma cabeça de longo prazo é essencial.
5. Aprendizado Constante: Não Vire uma Assídia
Para manter tudo isso (a alocação, os ativos, a alavancagem e o longo prazo), é necessário nunca parar de aprender. Warren Buffett, um exemplo notável, lê incansavelmente todos os dias. O aprendizado constante não tem a ver necessariamente com diplomas, mas com a busca por conhecimento novo.
Eu me deparei uma vez com a história da Assídia (ou seringa do mar). Esse animal boia até encontrar uma rocha perfeita para se acoplar. Depois de conseguir a estabilidade, o que ele faz? Digere parte do próprio cérebro, pois não o usará mais. Quando me formei e caí na rotina de trabalho exaustivo, percebi que estava “digerindo meu próprio cérebro”, esquecendo coisas e não aprendendo nada novo. Você deve buscar aprender algo sempre, ou corre o risco de virar uma Assídia. Sugiro focar em habilidades da palavra, matemáticas, finanças e programação (o novo Trivium e Quadrivium) para se manter relevante.
Conclusão e Chamada para Ação
Os cinco princípios—alocar tempo e capital de forma inteligente, focar em ativos, usar a alavancagem correta, pensar no longo prazo e nunca parar de aprender—são o caminho para você saber, na prática, como os ricos fazem dinheiro. São os pilares para construir um patrimônio sólido, diversificado e protegido contra cataclismas financeiros ou nacionais.