Dia 17 de novembro de 2025, o mercado financeiro viveu um terremoto: a prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, e, poucas horas depois, a liquidação extrajudicial da instituição decretada pelo Banco Central do Brasil. Um banco que detinha cerca de R$ 62 bilhões em depósitos simplesmente deixou de existir da noite para o dia. Se você investiu ou conhece alguém que tinha CDBs Banco Master, este artigo é um guia urgente para você entender o que aconteceu e, principalmente, o que fazer para proteger o seu patrimônio.
O Fim do Banco Master: A Trajetória de Risco e a Busca por Altos Retornos
O que nos leva a esse ponto não é uma história de infortúnio repentino, mas sim de uma busca agressiva por crescimento e rentabilidade. O Banco Master, antes conhecido como Banco Máxima, era inicialmente uma instituição menor e mais focada em um modelo de negócio sólido: o crédito consignado para aposentados. Essa era uma operação de baixo risco, já que o desconto da parcela é feito diretamente na folha de pagamento.
A partir de 2019, o banco embarcou em uma jornada de crescimento explosivo. Em apenas 4 anos, o patrimônio líquido saltou de R$ 200 milhões para R$ 2,3 bilhões. Isso foi possível oferecendo CDBs Banco Master com rentabilidades que a concorrência não conseguia igualar. Enquanto grandes e médios bancos pagavam, no máximo, 110% do CDI, o Master chegou a oferecer 140% do CDI. Com a taxa Selic em alta, essa rentabilidade próxima de 20% ao ano atraiu milhares de investidores seduzidos pelo alto ganho, muitos se convencendo com o argumento: “Ah, mas tem FGC! É só não passar do limite de R$ 250 mil.”
O Descasamento Perigoso: De Onde Vinha o Dinheiro?
O problema, que a maioria ignorava, era a aplicação desse dinheiro. Se o banco tomava emprestado a 20% ao ano, precisava investir em algo que rendesse ainda mais. O Master estava investindo pesado em ativos de baixa liquidez e longo prazo, como precatórios (dívidas que o governo tem com pessoas ou empresas, que podem levar anos para serem pagas) e participações em empresas (como Onco Clínicas e Beion).
Para mim, o sinal de alerta é claro: o Master estava pegando dinheiro emprestado no curto prazo (CDBs com vencimento em 1, 2 ou 3 anos) e aplicando em ativos de longo prazo que não geravam caixa imediato. Esse descasamento de prazo e liquidez é uma bomba-relógio no mercado financeiro. Se você não entende como analisar a saúde de uma instituição por trás da rentabilidade, é fundamental saber mais sobre indicadores fundamentalistas antes de investir.
O gráfico abaixo ilustra bem a estratégia de risco que atraiu e depois prejudicou tantos investidores.
| Característica | Bancos Médios (Modelo Sólido) | Banco Master (Máxima Rentabilidade) |
|---|---|---|
| Rentabilidade Oferecida (CDB) | 100% a 110% do CDI | 140% do CDI (aprox. 20% a.a.) |
| Ativos de Lastro | Crédito Consignado (Baixo Risco) e Ativos de Curto Prazo | Precatórios e Participações em Empresas (Baixa Liquidez) |
| Risco de Liquidez | Baixo | Alto (Descasamento de Prazo) |
A Liquidação: Cenários para quem tem CDBs Banco Master
Após tentativas fracassadas de fusão (como a negociação com o BRB, que foi vetada pelo Banco Central do Brasil) e de venda a investidores estrangeiros, o destino do banco foi selado. A liquidação extrajudicial decretada pelo BC significa que a instituição assume o controle para desmontar o banco e pagar os credores na tentativa de minimizar o prejuízo.
Aqui, você precisa entender em qual cenário se encaixa para saber o que esperar.
Cenário 1: Até R$ 250.000 em CDBs do Master
Se você estava dentro do limite, a notícia é positiva, mas exige paciência. Você está coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma entidade privada criada pelos próprios bancos para proteger investidores em casos de intervenção ou liquidação. Lembre-se: o CDB para de render no dia da liquidação. Você receberá o valor que estava congelado, mas o processo não é imediato. Como o Banco Master tinha depósitos massivos (R$ 62 bilhões), essa será a maior operação de acionamento do FGC da história do Brasil. Embora o Fundo tenha R$ 148 bilhões em patrimônio, a complexidade é alta.
O processo para reaver seu dinheiro é feito por aplicativo e segue as seguintes etapas:
- O Banco Master enviará ao FGC uma lista com todos os credores (por CPF ou CNPJ).
- O FGC validará os dados e preparará o sistema para o pagamento (pode demorar até 30 dias).
- Você deve baixar o aplicativo do FGC, realizar o cadastro completo com seus documentos e dados pessoais.
- Informe a sua conta bancária para recebimento.
- Aguarde a liberação do FGC para solicitar a garantia.
- Solicite a garantia e assine digitalmente o termo.
- Aguarde o depósito na sua conta.
Meu conselho: Não venda seu título no desespero. Se estiver coberto, mantenha a calma, pois você vai receber. Pode demorar algumas semanas ou meses, mas o FGC garante esse valor.
Cenário 2: Acima de R$ 250.000 em CDBs Banco Master
Aqui, a situação realmente fica complicada. Você receberá os R$ 250.000 cobertos pelo FGC, mas o restante do valor entra na fila de credores do banco. Você será classificado como um credor quirografário (sem garantia real). Essa é uma posição de prioridade baixa, ficando atrás de credores trabalhistas (funcionários) e credores com garantia real. Você só receberá o que sobrar após o liquidante (empresa contratada pelo BC) vender todos os ativos do banco (precatórios, participações, imóveis, etc.).
A verdade é: Ninguém sabe quanto (pode ser 50%, 30% ou zero) e quando (pode levar anos) você receberá esse valor excedente. É uma decisão pessoal avaliar se vale a pena tentar vender o CDB no mercado secundário (o que provavelmente implicará um grande desconto) ou esperar o longo processo de liquidação.
Conclusão: Ganância vs. Risco Bem Gerenciado
Investir não é apenas sobre buscar a rentabilidade mais alta. Muita gente que tinha CDBs Banco Master estava completamente cega pela ganância, ignorando os riscos por trás do emissor. De nada adianta buscar 140% do CDI se você não entende a saúde financeira e o modelo de negócios da instituição.