É, pessoal, o Bitcoin em queda despencou para a região dos 85 mil dólares, o que representa uma retração superior a 30% se considerarmos a máxima histórica de 126 mil registrada em outubro. Se olhássemos para os mercados tradicionais, como a bolsa americana, uma queda dessa magnitude seria o suficiente para decretar um bear market técnico sem direito a discussão, já que nos Estados Unidos qualquer recuo acima de 20% recebe esse rótulo. Diante desse cenário, surge aquela pergunta clássica que sempre aparece quando o preço corrige de maneira rápida: será que é o fim do ciclo? Ou será que estamos diante de mais um movimento que parece o fim do mundo no curto prazo, mas que no longo prazo não passa de ruído e uma oportunidade de compra?

Hoje, eu vou explicar exatamente o que está acontecendo, detalhando os possíveis motivos dessa correção agressiva e trazendo um ponto muito interessante sobre a MicroStrategy que poucos estão observando. Mas antes de entrar no pânico do mercado, é fundamental respirar e analisar os dados friamente. Movimentos como os que vimos nos últimos dias não são novidade para quem acompanha este mercado há mais tempo; períodos de euforia seguidos de quedas bruscas são parte normal do ciclo. Contudo, a intensidade recente chamou a atenção, colocando o Bitcoin próximo do seu pior mês desde o colapso da Terra Luna em 2022.

Os 4 Pilares da Queda Atual

Ao analisar o mercado, o motivo do stop não é único, mas podemos elencar quatro pontos principais que explicam por que o Bitcoin em queda se comportou dessa forma. O primeiro e talvez mais impactante é a questão dos ETFs. Eles foram a maior novidade do ciclo 2024-2025, mudando a dinâmica de oferta e demanda ao permitir que grandes fundos institucionais acessassem o ativo de forma regulada. Esse fluxo foi crucial para levar o preço à máxima histórica, mas agora o comportamento mudou drasticamente.

Depois do topo, os fluxos começaram a desacelerar e se tornaram negativos. Para você ter uma ideia, o ETF da BlackRock registrou uma saída recorde de mais de 500 milhões de dólares em um único dia de novembro. No total do mês, os ETFs registraram uma saída líquida de mais de 3 bilhões de dólares. Ou seja, quem era uma fonte diária de compra, passou a ser uma fonte de venda, retirando o “piso” que sustentava o preço. Se você quer entender melhor como esses fundos funcionam e impactam o mercado, saiba mais sobre o ETF de Bitcoin e sua estrutura.

O Cenário Macroeconômico e a Alavancagem

O segundo ponto é o ambiente macroeconômico, que deixou de ser um aliado. Durante boa parte do ano, o mercado operava com a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos, o que favorece ativos de risco. No entanto, a inflação americana voltou a mostrar persistência e o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, adotou um tom muito mais duro, sinalizando que cortes futuros não são garantidos. Somado a isso, tivemos um “apagão” de dados econômicos devido a problemas no governo americano, o que deixa o mercado volátil e avesso ao risco.

O terceiro ponto foi o flash crash gerado pela alavancagem excessiva. Tivemos bilhões de dólares em posições liquidadas em poucas horas. O mercado estava eufórico, com muita “ganância” e pouca liquidez nos livros de ofertas. Quando o preço começou a cair, acionou um efeito dominó: a queda liquidava posições alavancadas, o que forçava mais vendas, empurrando o preço ainda mais para baixo. É a receita clássica para desastres de curto prazo: muita alavancagem e pouca liquidez.

Quem Está Vendendo: Curto Prazo vs. Longo Prazo

O quarto fator que amplificou a queda veio de dentro do próprio mercado: a combinação de vendas de investidores de curto prazo e de longo prazo, mas por motivos completamente opostos. Dados On-Chain mostram que investidores recentes (que compraram nos últimos 90 dias) realizaram prejuízos massivos, enquanto as “baleias” antigas aproveitaram a liquidez para realizar lucros estratégicos. Veja a diferença de comportamento na tabela abaixo:

Tipo de Investidor Motivação da Venda Resultado Financeiro
Curto Prazo (< 90 dias) Medo e Pânico (Mãos de Alface) Prejuízo de ~$22 Bilhões
Longo Prazo (Whales) Estratégia e Realização Lucros Estratosféricos

Perceba que o sentimento do mercado se deteriorou rapidamente, saindo de ganância extrema para medo extremo. Uma única baleia, que segurava o ativo há 14 anos, vendeu mais de 1.3 bilhão de dólares. A diferença é que, hoje, o mercado tem profundidade para absorver essa venda sem colapsar a zero, algo que seria impossível em 2015.

O Risco MicroStrategy e a Visão de Longo Prazo

Além desses quatro pontos, existe um fator consequente: a crise que ronda a MicroStrategy. A empresa de Michael Saylor, maior detentora corporativa de Bitcoin, viu suas ações caírem mais de 40% com o risco de ser retirada de índices importantes como o MSCI e o Nasdaq 100. Se isso acontecer, fundos passivos que replicam esses índices serão obrigados a vender as ações da empresa automaticamente, o que gera mais medo no mercado institucional. Embora Michael Saylor afirme que nunca venderá seus Bitcoins, esse ruído amplifica o sentimento negativo atual.

Porém, quando afastamos o zoom, a perspectiva muda. No gráfico de um mês, o Bitcoin em queda parece um desastre; no gráfico de 10 anos, é apenas uma “marola” em um oceano de alta. A tese fundamental da escassez digital permanece inalterada. Estamos falando de um ativo com oferta limitada a 21 milhões de unidades para um mundo de 8 bilhões de pessoas. Além disso, a transferência de riqueza dos Baby Boomers para as novas gerações deve favorecer ativos digitais nas próximas décadas.

Oportunidade ou Alerta? O Indicador Mayer Multiple

Se você me pergunta se este momento é um alerta final ou uma oportunidade, eu tendo a acreditar na oportunidade, baseando-me em dados. O Mayer Multiple, um indicador que compara o preço atual com a média móvel de 200 dias, está atualmente em 0.78. Isso significa que o preço está 22% abaixo da sua média de longo prazo. Historicamente, a média desse indicador é 1.29. Em 85% do tempo, o Bitcoin esteve acima do patamar atual. Comprar quando este múltiplo está abaixo de 1.0 costuma ser uma excelente estratégia para quem tem visão de longo prazo e estômago para a volatilidade.

Lembre-se: ninguém tem bola de cristal. O preço pode cair mais? Sim. Mas momentos de medo extremo historicamente recompensaram aqueles que mantiveram a calma. Se você precisa de ajuda para organizar seus investimentos, calcular seu preço médio e declarar seu imposto de renda com tranquilidade, eu utilizo e recomendo o My Profit, que está com condições especiais de Black Friday.

Fundador do canal “Você MAIS Rico” e do curso “Viver de Renda”, sócio-fundador do Grupo Primo e um dos apresentadores do podcast “Os Sócios”, é empreendedor, investidor e uma das maiores referências de finanças no Brasil.