Me pediram uma recomendação de fundo imobiliário para investir, mas com um detalhe: a pessoa só tinha R$ 50,00.
E a dúvida era: “Ricardo, tem fundo imobiliário de R$ 50,00 para comprar?”.

E se eu te disser que com R$50,00 você não compra apenas um fundo imobiliário, mas consegue montar uma carteira de FIIs diversificada, minimizando riscos e gerando renda?

Eu sou Ricardo Figueiredo, professor da Finclass e especialista em Fundos Imobiliários. No vídeo de hoje, vou te mostrar no detalhe, com nomes, como montar uma carteira de fundos imobiliários com apenas R$50,00. Então, separe o material para suas anotações e vem comigo!

É possível investir com apenas R$50,00?

Cinquenta reais! Dá para montar uma carteira de fundos imobiliários com R$ 50,00?
É lógico que dá! Hoje em dia, R$ 50,00 não paga nem uma pizza, pelo menos aqui na região onde eu moro. Saudades de uma pizza de R$ 50,00!

Se for para o litoral saindo de São Paulo, R$ 50,00 só dá para a ida, porque o dinheiro não paga o pedágio da volta.

Mas, sim, com esse valor é totalmente possível começar a investir e montar uma carteira diversificada de Fundos Imobiliários. E eu vou te mostrar exatamente como.

Montando a Carteira de FIIs com R$50,00

Para essa carteira, eu selecionei cinco fundos com o objetivo de diversificar ao máximo, mesmo com um valor inicial baixo. A ideia é alocar 20% do capital, ou seja, cerca de R$10,00, em cada um deles.

A composição da carteira foi pensada da seguinte forma:

  • 1 Fundo de Papel: Investe em títulos de dívida imobiliária.

  • 2 Fundos de Tijolo: Investe em imóveis físicos.

  • 2 Fundos Multiestratégia: Podem investir em imóveis, cotas de outros FIIs, CRIs e outros ativos do mercado imobiliário.

Essa seleção foca em ativos de qualidade, com boa gestão e estratégias que se complementam, buscando uma boa geração de renda e diversificação.

Aqui está a planilha com os fundos que selecionei e os seus respectivos indicadores:

FII Tipo R$/cota Peso Renda DY a.a. P/VP
KNSC11 Papel R$ 8,75 20% R$ 0,09 13,1% 1,00
GARE11 Tijolo R$ 9,03 20% R$ 0,08 11,6% 0,98
RBVA11 Tijolo R$ 9,30 20% R$ 0,09 12,3% 0,88
BTHF11 Multiestratégia R$ 8,70 20% R$ 0,09 13,5% 0,87
MCRE11 Multiestratégia R$ 8,80 20% R$ 0,11 16,1% 0,87
Carteira R$ 44,58 R$ 0,47 13,3% 0,92

Os valores de R$/cota, Renda, DY (Dividend Yield) e P/VP (Preço/Valor Patrimonial) podem variar. Dados de referência do vídeo.

Com essa configuração, a carteira tem um custo total de R$ 44,58 e uma renda mensal projetada de R$ 0,47, o que representa um Dividend Yield de 13,3% ao ano e um P/VP médio de 0,92, indicando que estamos comprando os ativos com um desconto de 8% em relação ao seu valor patrimonial.

 

A Estratégia por Trás da Escolha dos Fundos

A seleção não foi aleatória. Cada fundo foi escolhido com um propósito para criar uma carteira diversificada e com estratégias complementares.

Fundo de Papel: KNSC11

Comecei com o KNSC11, um fundo de papel da Kinea, uma das principais gestoras do mercado. A Kinea possui diferentes estratégias para seus fundos de papel. Para simplificar, podemos pensar em uma escala de risco:

  • Mais Risco (High Yield): KNHY11 (focado em IPCA) e KNUQ11 (focado em CDI).

  • Menos Risco (High Grade): KNIP11 (focado em IPCA) e KNCR11 (focado em CDI).

O KNSC11 se posiciona no meio, como um “mexidão da Kinea”. Ele é um híbrido, investindo tanto em ativos atrelados ao IPCA quanto ao CDI, com um risco intermediário. Além disso, é um fundo de base 10, o que o torna acessível para o nosso orçamento.

Fundos de Tijolo: GARE11 e RBVA11

Ambos são fundos de renda urbana, mas com estratégias diferentes e complementares.

  • GARE11: Cerca de 75% da sua receita vem do varejo alimentício, com inquilinos como Grupo Mateus, Pão de Açúcar e Carrefour.

  • RBVA11: Mais de 50% da receita vem de setores como bancário, vestuário e educacional.

Ao combinar os dois, diversificamos a exposição dentro do mesmo segmento de renda urbana, reduzindo o impacto de um eventual problema em um setor específico.

Fundos Multiestratégia: BTHF11 e MCRE11

Os fundos multiestratégia dão ao gestor mais liberdade para alocar os recursos em diferentes tipos de ativos imobiliários.

  • BTHF11 (Gestão BTG): Possui em seu portfólio de tijolos imóveis de escritório e shoppings.

  • MCRE11 (Gestão Jive Mauá): No segmento de tijolos, tem foco em logística.

Ambos os fundos têm cerca de 50% de seu portfólio em crédito imobiliário (CRI e FII de CRI) e aproximadamente 20% em imóveis de tijolo. Com eles, a carteira ganha exposição a escritórios, shoppings e galpões logísticos.

A Mágica da Diversificação

Com apenas R$50,00, montamos uma carteira com 5 fundos diferentes, com exposição a:

  • Crédito Imobiliário (Papel): Atrelado a CDI e IPCA.

  • Tijolo: Renda urbana (supermercados, bancos, vestuário, educação), escritórios, shoppings e logística.

Ao somar o percentual do fundo de papel (20%) com a parcela de “papel” dos fundos multiestratégia (cerca de 20%), nossa carteira fica com aproximadamente 40% em crédito imobiliário, um percentual alinhado com a média do IFIX, o principal índice de fundos imobiliários do mercado.

O Começo da Jornada

É importante ressaltar que esta é uma carteira inicial. À medida que seu patrimônio crescer, sua carteira também deve evoluir, incluindo mais ativos para aumentar ainda mais a diversificação. Você poderá adicionar fundos específicos de shopping, logística, escritórios, e assim por diante, sempre buscando teses complementares.

Analisar e escolher esses fundos requer estudo. Por isso, se você quer aprofundar seus conhecimentos e ter acesso a carteiras recomendadas completas, com o acompanhamento de analistas certificados, a Finclass é a solução.

Especialista em fundos imobiliários da Finclass e analista CNPI. É bacharel em Economia com especialização em Mercados Financeiros e MBA em Gestão Financeira e Atuarial. Já foi professor na área de tecnologia, mas migrou para mercado financeiro há quase 20 anos, atuando na análise e gestão de investimentos em imóveis e carteira de fundos imobiliários.