O Tesouro Direto é um dos investimentos mais populares no Brasil, principalmente por sua segurança e simplicidade. Ele consiste na compra de títulos públicos emitidos pelo Governo Federal, permitindo que investidores “emprestem” dinheiro ao governo em troca de uma rentabilidade futura. A grande vantagem é que esses títulos são garantidos pelo governo, o que os torna uma das formas mais seguras de aplicar recursos no mercado financeiro.
Mas quanto rende o Tesouro Direto? Para responder a essa pergunta, é importante entender os diferentes tipos de títulos disponíveis e os índices econômicos que influenciam sua rentabilidade. Além disso, é preciso considerar fatores como o período de aplicação, a política econômica vigente e as taxas cobradas pelo investimento. Para responder essas e muitas outras dúvidas, vamos explorar juntos os seguintes pontos nesse artigo:
- Quais são os principais índices do Tesouro Direto?
- Como funciona a rentabilidade do Tesouro Direto?
- Quanto rende o Tesouro Direto?
- Quanto rende R$1.000 no Tesouro Direto?
- Vale a pena investir no Tesouro Direto?
- Como investir no Tesouro Direto?
Vamos lá?
Quais são os principais índices do Tesouro Direto?
O rendimento dos títulos públicos do Tesouro Direto está atrelado a dois principais indicadores da economia brasileira: a taxa Selic e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Esses dois índices influenciam diretamente o quanto você poderá ganhar ao investir em títulos públicos.
Taxa Selic
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e serve de referência para todas as outras taxas de juros praticadas no mercado, incluindo as de empréstimos, financiamentos e investimentos.
A taxa Selic é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a cada 45 dias. Quando a economia está aquecida e o governo quer controlar a inflação, o Copom pode aumentar a Selic, tornando os investimentos de renda fixa mais atraentes. Em contrapartida, em cenários de crise ou baixa inflação, a Selic tende a ser reduzida para estimular o consumo e os investimentos produtivos.
A variação da Selic impacta diretamente o Tesouro Selic, já que esse título tem sua rentabilidade atrelada a essa taxa. Quando a Selic está alta, o rendimento desse título também aumenta, tornando-o mais atrativo para quem busca liquidez e baixo risco.
IPCA
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é o principal indicador da inflação no Brasil, medido mensalmente pelo IBGE. Ele reflete a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos, com base em uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias, como alimentação, transporte e habitação.
No Tesouro Direto, o IPCA tem papel central na rentabilidade dos títulos Tesouro IPCA+. Esses títulos oferecem uma rentabilidade composta por uma taxa fixa acrescida da variação do IPCA. Na prática, isso significa que o investidor sempre ganhará acima da inflação, preservando o poder de compra do seu dinheiro ao longo do tempo.
Esses títulos são bastante recomendados para quem deseja investir a longo prazo, especialmente em períodos de alta inflação, já que protegem o investidor contra a perda do valor real do dinheiro.
Como funciona a rentabilidade do Tesouro Direto?
A rentabilidade do Tesouro Direto varia conforme o tipo de título que você adquire. Cada um tem uma dinâmica de remuneração diferente, o que impacta no resultado final do seu investimento.
Vamos explorar como funciona a rentabilidade de cada um dos três principais títulos.
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é o título mais conservador oferecido pelo Tesouro Direto. Por isso, é uma excelente opção para quem busca alta liquidez e baixo risco. Ele é diretamente atrelado à taxa Selic, o que significa que a rentabilidade do título acompanha a variação dessa taxa.
Como o Tesouro Selic é pós-fixado, sua rentabilidade só é conhecida ao longo do tempo. Se a taxa Selic aumentar, o rendimento também aumenta; se a taxa cair, o rendimento será menor. Isso faz com que esse título seja ideal para quem quer se proteger das oscilações do mercado de renda fixa e não pretende realizar grandes movimentações com o capital.
Além disso, o Tesouro Selic oferece liquidez diária e com risco mínimo de perda, ou seja, o investidor pode resgatar seu dinheiro a qualquer momento com segurança. Esse fator torna esse título ideal para a reserva de emergência, uma vez que é um investimento confiável e que pode ser resgatado em casos de necessidade sem prejuízos.
Tesouro Prefixado
O Tesouro Prefixado, por outro lado, é um título que oferece uma taxa de juros fixa, definida no momento da compra. Isso significa que, desde o momento em que você adquire o título, você já sabe exatamente quanto irá receber no vencimento, caso mantenha o título até o final.
Essa previsibilidade pode ser uma vantagem em cenários de queda da taxa de juros, já que a rentabilidade contratada será superior àquela oferecida pelos novos títulos que entrarão no mercado.
No entanto, é importante destacar que o Tesouro Prefixado pode apresentar volatilidade no curto prazo devido a marcação a mercado. Se o investidor precisar resgatar o dinheiro antes do vencimento, o valor do título pode ser menor do que o inicialmente esperado, a depender das condições econômicas..
Investir no Tesouro Prefixado é indicado para quem tem objetivos financeiros bem definidos e consegue esperar até o vencimento do título, aproveitando os juros contratados sem surpresas.
Tesouro IPCA+
O Tesouro IPCA+ é um título híbrido, que combina uma taxa fixa com a variação da inflação medida pelo IPCA no período. Ele oferece uma proteção contra a perda do poder de compra ao longo do tempo, o que faz dele uma ótima opção para quem deseja fazer investimentos de longo prazo, como para a aposentadoria ou compra de imóveis.
A rentabilidade do Tesouro IPCA+ é composta de duas partes: uma taxa prefixada, acordada no momento da compra, e a variação do IPCA durante o período do investimento. Dessa forma, você tem a garantia de um ganho real, ou seja, que o rendimento do título será sempre superior à inflação, preservando o valor do dinheiro ao longo do tempo.
Contudo, assim como no Tesouro Prefixado, se o investidor precisar vender o título antes do vencimento, o valor de resgate pode ser afetado pela marcação a mercado, positiva ou negativamente.
Em períodos de queda nos juros, o valor de mercado do título pode aumentar, gerando ganhos para o investidor. Por outro lado, se os juros subirem, o valor de mercado do título pode cair, gerando perdas no caso de venda antecipada.
Quanto rende o Tesouro Direto?
O rendimento do Tesouro Direto varia de acordo com o título escolhido, o prazo da aplicação e qual é o indexador atrelado ao investimento.
Agora que já entendemos como funciona a rentabilidade dos diferentes tipos de títulos do Tesouro Direto, vamos detalhar quanto cada um pode render em cenários práticos.
Antes de irmos para os exemplos, vale a pena ressaltar os três custos envolvidos ao se investir no Tesouro Direto:
- Imposto de Renda (IR): segue a tabela regressiva, variando de 22,5% a 15% sobre os rendimentos, dependendo do tempo em que o dinheiro permanece investido;
| Prazo do investimento | Alíquota de IR |
| 0 até 180 dias | 22,5% |
| 181 até 360 dias | 20% |
| 361 até 720 dias | 17,5% |
| Acima de 720 dias | 15% |
- Taxa de custódia da B3: atualmente, é de 0,2% ao ano sobre o valor investido, mas não se aplica para Tesouro Selic em valores abaixo de R$10.000;
- IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): aplicado apenas se o resgate for feito em menos de 30 dias. Após esse período, sua alíquota é zerada.
Quanto rende o Tesouro Selic?
O Tesouro Selic é um título com rendimento pós-fixado, ou seja, sua rentabilidade está atrelada a um índice econômico, como o IPCA, a taxa Selic ou o CDI. Como esses índices variam ao longo do tempo, não é possível prever exatamente o retorno final do investimento com antecedência.
Por isso, esse tipo de investimento é chamado de pós-fixado, pois o rendimento real só será conhecido no momento do vencimento, ou seja, é a média das variações do índice ao qual está vinculado. No caso do Tesouro Selic, o rendimento acompanha a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira.
Essa taxa é definida pelo COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) em reuniões realizadas a cada 45 dias, quando são decididos os ajustes nos juros do país. A taxa Selic pode subir ou descer de acordo com essas decisões.
Atualmente, por exemplo, a taxa Selic está em 10,75% ao ano. Quem investir no Tesouro Selic hoje receberá essa taxa de retorno enquanto a taxa se mantiver inalterada.
Se a Selic for ajustada para cima, a rentabilidade do título também aumenta. Se a taxa cair, o rendimento do título será reduzido, e se a Selic se mantiver, o retorno continuará o mesmo.
Quanto rende o Tesouro Prefixado?
O Tesouro Prefixado, como o próprio nome sugere, tem sua rentabilidade definida no momento da compra. Isso significa que, ao adquirir o título, você já sabe qual será o retorno anual, como 12%, 13%, 14%, ou qualquer outra taxa previamente estabelecida.
Essa previsibilidade é uma vantagem para quem pretende manter o investimento até o vencimento, pois o rendimento não será alterado durante o período. No entanto, caso o investidor precise resgatar o valor antes do prazo, pode enfrentar oscilações no preço do título, que pode tanto valorizar quanto desvalorizar, dependendo das condições de mercado.
Há também a opção de Tesouro Prefixado com pagamento de juros semestrais. Nesse caso, em vez de receber todo o rendimento ao final do período, o investidor recebe parte dos ganhos a cada seis meses. Essa modalidade pode ser interessante para quem prefere ter um fluxo de caixa mais frequente, sem esperar até o vencimento do título.
Porém, é importante destacar que os pagamentos semestrais estão sujeitos à alíquota máxima do imposto de renda, de 22,5% sobre os rendimentos. Assim, quem pode manter o investimento até o vencimento sem receber os juros periodicamente pode se beneficiar de uma alíquota menor no longo prazo, fazendo com que o Tesouro Prefixado sem pagamentos semestrais seja, em geral, mais vantajoso para quem busca maximizar os ganhos.
Quanto rende o Tesouro IPCA+?
O Tesouro IPCA+ é a última categoria de títulos do Tesouro Direto e oferece uma rentabilidade chamada de híbrida, composta por uma parte pós-fixada e outra prefixada. Para ilustrar, quando você vê um título com o rendimento IPCA + 6%, isso significa que a parte pós-fixada é o IPCA, o índice oficial da inflação no Brasil, enquanto os 6% representam a parte prefixada, que será fixa até o vencimento.
Assim, você conhece apenas uma parte da rentabilidade no momento da compra, já que a variação do IPCA será ajustada ao longo do tempo. O rendimento total vai depender das oscilações da inflação durante o período do investimento.
Tal como o Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA+ também está sujeito a variações de preço antes do vencimento, então, para garantir a rentabilidade combinada, é recomendável manter o título até o final. Se optar por vender antes, o valor pode ser influenciado pela marcação a mercado, o que pode resultar em ganhos ou perdas.
Há ainda a opção de Tesouro IPCA+ com pagamento de juros semestrais, onde o investidor recebe parte dos rendimentos a cada seis meses. A principal diferença aqui é que o primeiro pagamento estará sujeito à alíquota máxima de imposto de renda (22,5%), mas os pagamentos subsequentes seguirão a tabela regressiva, chegando a 15% após dois anos.
Se possível, é mais vantajoso adquirir o Tesouro IPCA+ sem pagamentos semestrais, especialmente se você planeja manter o título até o vencimento, maximizando o retorno a longo prazo.
Vale a pena investir no Tesouro Direto?
Investir no Tesouro Direto é uma opção bastante vantajosa, principalmente para quem busca segurança, previsibilidade e baixos custos. Esses títulos são garantidos pelo governo federal, o que significa que o risco de calote é praticamente nulo, o que torna o Tesouro Direto um dos investimentos mais seguros do mercado.
Além disso, o Tesouro Direto oferece opções para todos os perfis de investidores. Se você quer um investimento seguro e com liquidez, o Tesouro Selic é a melhor escolha. Para quem quer garantir uma rentabilidade fixa, o Tesouro Prefixado pode ser a opção mais indicada. E para quem quer proteger o poder de compra contra a inflação, o Tesouro IPCA+ é o título ideal.
Outro ponto importante é a acessibilidade. Você pode começar a investir com valores muito baixos, a partir de R$30, o que torna o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada para novos investidores. Além disso, a aplicação pode ser feita online, de forma rápida e simples.
No entanto, vale a pena lembrar que, embora o Tesouro Direto seja bastante seguro, ele oferece retornos mais conservadores quando comparados a investimentos de maior risco, como ações, fundos imobiliários, investimentos no exterior ou criptomoedas. Se o seu objetivo é buscar retornos muito acima da média, talvez seja necessário compor sua carteira com outros tipos de investimento.
Como investir no Tesouro Direto?
Investir no Tesouro Direto é simples e acessível para quem deseja aplicar seu dinheiro de forma segura e rentável. A seguir, confira um guia prático para começar.
Passo 1: abra uma conta em uma corretora
Como não é possível investir diretamente no Tesouro Direto, você precisa de uma instituição para intermediar suas negociações.
Logo, o primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora habilitada para a realização desse tipo de investimento, como é o caso da XP Investimentos, Banco Inter, Rico, NuInvest, entre outras.
Dessa forma, você terá um intermediário para conduzir essa negociação entre investidor pessoa física e plataforma do Tesouro Direto.
Passo 2: solicite o cadastro junto ao Tesouro Nacional
Depois de abrir a conta na corretora, você terá que solicitar o cadastro junto ao site do Tesouro Nacional. Geralmente, isso é feito automaticamente por sua corretora.
Todavia, após a liberação do cadastro, você receberá uma senha provisória em seu e-mail cadastrado. Ela será enviada pela B3, que é a responsável por armazenar e negociar os títulos do Tesouro.
Logo que receber essa senha, acesse o Portal do Investidor com o seu CPF e substitua a senha por uma nova. A senha deve ter aquele padrão clássico de letras, números e caracteres especiais, bem como conter entre 8 e 16 caracteres.
Logo depois, você estará logado na plataforma do Tesouro Direto.
Passo 3: acesse o menu e escolha o seu título
Neste ponto, você está apto para navegar pela plataforma do Tesouro Direto e escolher o título que deseja comprar.
Para isso, você deve ir até a parte superior do site e clicar em “Investir”.
Ao clicar em “investir” você terá acesso às variedades de títulos do Tesouro Direto.
Logo após essa etapa, você irá acessar o menu e verá todos os títulos disponíveis para negociar naquele momento.
Antes de ir para o próximo passo, vale lembrar que é possível investir no Tesouro Direto por três canais. São eles:
- Site do Tesouro Direto;
- Aplicativo oficial do Tesouro Direto;
- Corretora habilitada.
Entretanto, como as contas em corretoras vão variar bastante entre os investidores, vamos seguir o exemplo comprando pelo site oficial do Tesouro Direto. Dessa forma, conseguimos ensinar de uma forma que o aprendizado sirva para todos.
Passo 4: selecione o título que deseja comprar
Agora que você já está no menu, basta escolher o título e a quantidade que deseja comprar. Para prosseguir, você deve clicar em “adicionar”.
No exemplo, vamos escolher o Tesouro Selic 2029 para comprar.
Ao clicar em “Adicionar”, o investimento vai aparecer no carrinho na parte superior da tela. É só clicar nele para seguir o processo de compra.
Apesar do preço de um título inteiro ser mais alto, na casa dos milhares de reais, é possível comprar frações menores de cada um deles.
Portanto, é possível adquirir um título do Tesouro Selic com aproximadamente R$150, conforme mostra a imagem. Contudo, para as variedades de Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado, a compra pode ser feita por um valor ainda menor.
Ou seja, caso você tenha ficado com receio em um primeiro momento, saiba que é plenamente possível investir nos títulos do Tesouro com pouco dinheiro.
Passo 5: finalize a compra do seu título
Agora que você já selecionou o título que deseja, está na hora de finalizar a compra.
Antes de tudo, confirme se os títulos e valores estão corretos. Depois, veja se quer investir já no momento ou se deseja agenda. Feito isso, é só passar para a próxima etapa.
Caso precise modificar as informações, clique em “editar” ou “cancelar”, e depois siga com os mesmos passos.
É importante ressaltar que, para esse valor, não serão cobradas taxas, como a taxa da B3 e a taxa da instituição financeira.
Agora que está tudo definido, basta confirmar e pronto! Você comprou o seu título e agora sabe como investir em títulos públicos pelo Tesouro Direto!
Importante: ao confirmar, você tem a possibilidade de pagar via PIX ou em débito em sua corretora escolhida. Caso escolha a segunda opção, tenha recurso suficiente em sua conta no momento da compra. Afinal, o valor escolhido no site do Tesouro Direto será debitado da sua conta cadastrada na plataforma.
Com todos os passos feitos em ordem, agora só precisa esperar a confirmação da compra por e-mail. Primeiramente, chegará um e-mail de criação do investimento, e depois a confirmação da compra.
Pronto! Depois de todos esses passos, você se tornou um investidor ou uma investidora do Tesouro Direto. Agora é só esperar o efeito dos juros compostos acontecer e acompanhar a sua rentabilidade!